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Cinco chaves para denunciar e resistir com a sua publicacção

Explorar. Experimentar. Descobrir. As tecnologias digitais e a Internet chegaram como uma ferramenta para a expressão de nossa sexualidade e de nosso erotismo. Ninguém pode te tirar o direito de viver sua sexualidade como te pareça melhor, muito menos exercendo violência patriarcal ao registrar, armazenar e publicar material visual sexual sem seu consentimento.

O que significa registrar, armazenar e publicar material visual sexual sem o seu consentimento?

A “pornovingança” ou “pornografia de vingança” entende-se neste projeto como a divulgação de material visual e audiovisual de natureza erótica ou explicitamente sexual sem o consentimento de uma ou mais pessoas retratadas e sem propósito legítimo, frequentemente com a intenção de humilhar, intimidar e/ou extorquir a vítima. A publicação desse material pode ocorrer por parte de parceiros ou ex-parceiros, bem como de terceiros.

A pornografia não consentida é reconhecida como um tipo de violência de gênero de tipo sexual, exercida por meios eletrônicos, da qual você tem todo o direito de defender-se, proteger-se e resistir.

Por que deve-se deixar de usar o termo “pornovingança” ou “pornografia de vingança”?

Infelizmente os meios de comunicação popularizaram o termo “pornografia de vingança” ou “pornovingança” (“revenge porn”, em inglês), o que é problemático principalmente porque a pornografia – que é uma atividade consentida – pouco tem a ver com a violência à qual se quer submeter as vítimas da publicação não consentida de material sexual e erótico.

Em resposta, começou a ser utilizado o termo “pornografia não consentida”, a partir do entendimento de que o ato de revelar uma imagem privada e sexualmente explícita a um terceiro poderia ser descrito como pornográfico, mas acaba transformando uma imagem privada em entretenimento sexual público. A carga moralista que a pornografia ainda tem em nossas culturas faz com que tampouco esse termo seja o ideal. Entretanto, na falta de uma opção melhor – que fosse breve e de uso amplo – fez com que optássemos por esse termo, já que ele ao menos reconhece a importância do consentimento.

Que outros passos podemos tomar enquanto comunidade para acabar com a pornografia não consentida?

Como se pode ver na web, não existe hoje uma solução 100% ideal para um caso dessa natureza. Por isso, o objetivo deste projeto não é apenas oferecer às vítimas informação sobre as ferramentas que elas podem utilizar, mas também que, enquanto comunidade, tenhamos um senso crítico do contexto que permeia a pornografia não consentida.

Devemos ser agentes de pressão para conseguir mudanças nos seguintes âmbitos:

  • Políticas e ferramentas das plataformas privadas da Internet. Elas não apenas devem compreender a complexidade da pornografia não consentida e colocar-se no lugar das vítimas, mas também responder de forma séria a seus usuários e usuárias da América Latina.
  • Respostas do Estado. Em particular, tanto o poder judiciário como a polícia devem deixar de “revitimizar” as pessoas que tenham sofrido esse tipo de violência de gênero. Assim, se pretendem legislar, tanto o Executivo como o Legislativo devem levar o problema a sério e não usá-lo como uma desculpa para a censura na Internet.
  • Respostas de nossas comunidades. Tolerância zero para a violência de gênero online e em outros meios eletrônicos. A difusão de pornografia não consentida é simplesmente inaceitável e ninguém deveria precisar ir à justiça para ratificá-lo. O repúdio social deve ser geral e nossas comunidades devem proteger a vítima e propor instâncias para discutir violência de gênero e, em particular, pornografia não consentida.
  • Nossa relação com a tecnologia digital. Devemos ser críticas com a tecnologia digital que utilizamos: conhecer sua lógica de funcionamento, os modelos de negócio que estão por trás dela e nosso papel em tudo isso. Temos que reivindicar o controle sobre nossas vidas na tecnologia. Se não fizermos isso e não agirmos de acordo, pouco podemos esperar da indústria e do Estado.